terça-feira, junho 10, 2008

ÚLTIMO



Não quero fugir, do meu último ato,



em que ato e desato nós da minha sórdida existência...



em que pincelo com palavras irrisórias,



em que posso ser mais pleno...



que se afaste o cálice com o precioso líquido,



que se coma o último pedaço da ceia...

sexta-feira, maio 30, 2008

Quando a Banda passa...


Abaixa o som desse rádio, menino


Venha logo, venha ver a banda passar,


Venha ouvir a retreta,


Que de tão faceira,


faz a moça se roçar,


a soltar suspiro de saudades,


dos beijos trocados, das juras, do amor....


Venha que ela já está passando,


retumbando, clarinetando,


ratabum, raratátá....


Moça veía na janela,


meninada a correr,


e a dançar devaneios,


quando a banda passa....


Saí à varanda, seu prefeito,


estufa o peito, faz orgulho,


linda banda a perfilar,


raratátá, paramrampamram.


Até a cachorrada,


entoada acompanhava,


uivava que não parava,


quando a banda passa....


Passa, passa, minha banda,


o meu coração alegra,


faz a vida mais bonita,


Parará, tará, tibum...

sábado, maio 03, 2008

Quem não brincou de Catavento?




Uma bela manhã de sol. O céu tão azul, pássaros cantando, gotas de orvalho ainda banhavam as folhas verdes das plantas e árvores. Dessas manhãs que me lembram minha infância, quando meus pais levavam-me ao parque, onde eu brincava e ganhava algodão-doce azul, balão verde e branco e catavento.

Fui, curtindo minhas reminiscências, enquanto ia de metrô para o trabalho, observando a bela paisagem durante a viagem.

Logo desci na estação e antes que eu pudesse acordar do meu sonho acordado, fui surpreendido por uma visão, estonteante, que me fez sonhar ainda mais. Em meio à multidão, que se comprimia na ponta da escada rolante, para descer à saída, alguém segurava um catavento gigante, o maior que já vi, maior do que as minhas lembranças, de cores tão fascinantes que me hipnotizaram imediatamente.

Uma estranha força me obrigou a segui-lo e identificar quem o segurava, já que só dava para vê-lo, acima das cabeças da multidão.

Quando, já fora da escada rolante, avistei o rapaz que carregava o enorme catavento, mas, ele saiu correndo, pegou um onibus e se foi.

Levou minhas lembranças, todas que pude ter, das manhãs ensolaradas no parque, de tantas cores que me alegravam, ao bel prazer do vento que soprava meu brinquedo. Talvez os momentos mais felizes, de um passado distante, não só meu, mas, de todos aqueles que um dia brincaram de catavento
.

sábado, abril 12, 2008

Doce armadilha


Certa feita fui ao Detran, resolver um assunto e tive que esperar algumas horas para ser atendido.
Já era hora do almoço e fiquei sabendo que havia um restaurante dentro do departamento, que atendia aos funcionários do orgão e aos visitantes. Como tinha que esperar mais algum tempo, fui até lá.
O restaurante era grande e de ambiente agradável. Estava bastante cheio e uma longa fila se formava diante do self-service, que tinha grande número de pratos visualmente deliciosos. Haviam várias mesas reservadas para delegados e diretores.
Depois de me servir, fui procurar uma mesa livre e ocupei uma perto de outra ocupada por quatro delegados.
Eles estavam todos vestidos de terno e conversavam animadamente. Lógico devia ser papo de delegados, policiais, crimes, infrações de trânsito e coisas afins. Até aí, tudo normal.
Foi quando reparei que havia um copo sobre a mesa deles e dentro do mesmo havia uma abelha presa por uma lata de refrigerante que lhe servia de tampa. A abelha voava debatendo-se entre as paredes de vidro e já devia estar rareando o ar dentro de tão pequeno espaço. Pobre abelhinha, havia caído naquela armadilha só porque procurava um pouquinho de doce e diga-se de passagem, não existe no mundo animal, criatura tão sagrada e útil ao homem, pois dá-lhe de comer, remédios e até mesmo a sua própria vida, servindo como agulha para injeção de seu veneno, nos tratamentos de acumpuntura.
A comida estava muito saborosa, mas aquela cena começou a me incomodar. Cheguei à conclusão que aqueles delegados deviam ser homens muito maus e que aquela tortura servia-lhes de diversão enquanto saboreavam tão apetitosa refeição.
Comecei a ficar completamente ansioso e já suava frio quando então achei que eu tinha a obrigação de salvá-la. Mas como? Não ficaria bem ir até à mesa e pegar o copo, pois eu nem traballhava lá. Pedir-lhes que soltassem a refém, muito menos, pois além de rirem de mim, poderiam querer me prender por me meter em assuntos da lei.
Foi então que veio até mim, uma garçonete que percebeu que eu precisava de algo
- Precisa de alguma coisa, senhor?- perguntou-me a garçonete
Quase sem conseguir falar e com uma nítida expressão de pánico, creiei coragem e lhe disse:
- Sim, preciso de um grande favor, está vendo aquela abelhinha presa no copo? Por gentileza, solte-a
para mim.
A garçonete então deixou rolar uma lágrima de seus olhos e prometeu-me salvar bichinho. Foi até à mesa, pediu licença aos delegados e cuidadosamente retirou o copo-prisão e com um gesto tranquilizador mostrou-me o que havia prometido e depois que eu à agradeci, retirou-se para finalizar à missão.
Com um suspiro de alívio, continuei a almoçar, feliz por ter salvado uma vida.
Depois de almoçar, quando estava na fila do caixa, a garçonete heroína, dirigiu-se à mim e antes que eu pudesse agradece-la novamente, me disse:
-Sabe porque aqueles homens fizeram aquilo? Eles são delegados e são muito maus...

domingo, abril 06, 2008

Ainda posso sorrir...


Quem quer levar de mim tudo que tenho?
Quem quer me arrastar pelas ruas e deixar um rastro com o meu sangue?
Já não lhes basta rasgar a minha roupa, matar o meu jardim, queimar a minha casa?
Tomastes minhas gargalhadas, corromperam o meu sorriso....
Trincaram a minha vontade, tentaram calar os meus versos...
E ainda assim, não estão satisfeitos?
Pois saibam que nem um dia me dou por vencido,
Pois ainda vejo jardins à florecer,
Meu embornal está cheio de sementes,
E pretendo semeá-las, custe o que custar...
Elas brotarão por toda parte e não sobrará erva maldita...
pois meu sorriso às tolherá, antes que tenham folêgo...
pois não suportam me ver assim, mostrando os meus dentes, à gargalhar...
E sorrirei novamente, como quando mamãe me pegava e dizia:
- Está tudo bem filhinho, agora reza pro papai do céu e dorme..,.

sábado, março 22, 2008

CONECTADO...








Estou entrando no ar...









ligado por um fio, às vezes por Wirelless,



jogado por impulsos dos pulsos,



a sorrir ou aos soluços,



faço jorrar palavras.



Preso aos cabos, the conection



que se arrebentarem me levam,



a sumir na imensidão....



Sou árvore forte,



ligado às raízes,



que ganha da terra,



alimento e luz,



calor e vida,



sopro nas narinas...



Tentaram por várias vezes,



arrancar-me do chão,



mas, sou raíz forte, guerreiro



e convido-lhes a compartilhar deste meu solo,



pois, estou firme e a meu lado,



sempre cabe mais um,



num coração que bate forte...forte...forte...



Salve, Seja Bem vindo,



Abraços, Irmãos.